
Devemos insistir na cessação do tabagismo dos idosos?
Existem benefícios em parar de fumar quando já se fumou por muitos anos?
A resposta a essas perguntas é sim, sempre há benefício no tratamento do tabagismo, independente da idade e do tempo de tabagismo prévio.
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o fator de risco modificável isolado mais importante para prevenção de doenças não infecciosas em idosos. Entretanto, a prevalência de tabagismo nessa população continua alta, com 13% da população com mais de 65 anos de idade fumante (22% dos homens e 8% das mulheres). No entanto, a maioria dos profissionais de saúde e dos pacientes considera que não compensa abordar o tabagismo nesta faixa etária pela falsa idéia de que os idosos que fumaram até hoje e são saudáveis são "imunes" aos agravos do cigarro, ou pior, que os idosos que já desenvolveram alguma complicação do tabagismo não apresentam benefícios em cessar o vício, visto que todo o mal que podia ocorrer já aconteceu.
O tabagismo, além de aumentar a mortalidade, causa diversos sintomas que comprometem a qualidade de vida, dentre eles podemos citar:
Doenças pulmonares, como enfisema e bronquite crônica, que pioram a falta de ar, fôlego para atividade física e aumentam o risco de infecções respiratórias.Redução do paladar que diminui um dos maiores prazeres da vida que é saborear uma boa refeiçãoOdor desagradável que impregna em roupasCustos financeiros: Cigarro não é barato e a tendência é ficar cada vez mais caro devido ao aumento dos impostosAtividade sexual: A causa mais comum de disfunção erétil é doença vascular e o cigarro é um dos maiores fatores de risco para essa doença.Memória: O cigarro aumenta o risco de demências. Estudo conduzido na Holanda com 7000 pessoas e publicado numa das revistas mais conceituadas da área médica (neurology) mostrou aumento de 70% do risco de Doença de Alzheimer entre fumantes que não apresentam predisposição genética para a doença de Alzheimer.
Por esses motivos, hoje é inquestionável o benefício de tratar o tabagismo, sendo que existem muitos recursos farmacológicos e psicoterapêuticos que ajudam neste tratamento.
Referências:
Cad. Saúde Pública [online]. 2010, vol.26, n.12, pp. 2213-2233.
Neurology September 4, 2007 69:949-950